segunda-feira, 5 de outubro de 2015

From the Devil to the Fear

eu me blindei em mármore quebradiço e o que me sustentava era pó.
caiu no chão e quicou e quicou e quebrou
teus farelos de loucura e fragmentos de insanidade, eu inalei
contaminei minhas vias aéreas, miudezas da mente e alguns pedaços do coração.
de forma que
não tá dando de respirar.
então pára
por aquele pó ou por claridade.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Goiânia

Eu tinha que ir pra Goiânia.
Acordei com a mesma responsabilidade, mas meu quarto era diferente. Estava tão focada na tarefa que nem percebi.
Acordei e todo mundo estava lá, os mesmos de sempre, agindo da mesma forma, mas o espaço era mais amplo, a casa estava diferente, e a minha unha do pé caía.
Demorei pra entender o como consertar essa bagunça, até pedir pra me beliscarem.
Minha mãe contou uma vez que é assim que se acorda de um sonho. E eu achei que estava sonhando.
Eu tinha que fugir pra Goiânia ou seria deportada.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

toca e sente
abre teus olhos e vê
escuta o que vem dos teus ouvidos
e fala
com a voz do coração, tudo
e não te importas
assim não perdes
segue
aí tu vives
só desse jeito, de verdade.

domingo, 14 de setembro de 2014

Alice

Eu fiquei à paisana embaixo da sombra de uma árvore.
Apenas observava o belo do horizonte.
O vento assoprou como uma brisa leve ao pé do meu ouvido
e foi o bastante para que eu caísse.
Então eu cai, cai flutuando, cai flutuando e girando, por entre os móveis de verniz.
E foi assim, durante um dia inteiro.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Minhas amargas borboletas

         Eu romantizo tudo, aviso desde já. É assim em minha vida, meus sonhos, como é assim em meus textos.
         Meu codinome é borboletas no estômago. Agora deixe-me falar sobre elas...
         Todas as vezes em que me apaixonei, as engoli, assim que dei o primeiro suspiro de amor.
         Elas atravessam minha garganta sem que eu tenha tempo de mastigá-las ou deixá-las na boca. Se isso fosse possível, teria a opção de cuspi-las fora, antes que chegassem ao meu estômago. Uma vez lá, fazem parte de mim e eu de nada posso fazer por um bom tempo.
        Recapitulando a história da origem das borboletas de meu estômago, preciso deixar claro que, quando falo de suspiro de amor, não necessariamente é amor que estou sentindo, aliás, normalmente não é. Quem já sentiu o amor, vai ter que concordar comigo que aquilo que sentimos ao suspirar no despertar de uma paixão, definitivamente não é amor. Eu simplesmente romantizei, como disse que faria.
        Então as borboletas atravessaram minha garganta, deslizaram pela minha faringe, desceram pelo esôfago e eu juro, que se tivesse como ter forças para isso, faria aquele último esfíncter impedir que elas passassem. Uma escova de dentes não resolveria meu problema, a leveza de tais borboletas faz com que sejam imperceptíveis aos sensores de minha anatomia.
        Meu estômago as recebe e, pelo que eu entendo do meu corpo, meu estômago e meu coração estão juntos, sempre, conectados de alguma forma. Sei disso porque é óbvio que meu coração é o faminto aqui. É ele quem não se alimenta. Meu estômago, sabendo disso, ao passar das borboletas, usa de todas as pregas para fixa-las ali. O meu coração é o faminto, mas é meu estômago que fica enrugado, o máximo que pode, para que nem as borboletas sejam imperceptíveis, e para que elas não saiam dali, causando em meu coração, a ilusão do alimento. Quem sofre com isso, sou eu. Todo mundo sabe que o doce da ilusão, é o amargo da verdade.
        Se meu coração estivesse ciente de que não, ele não está cheio e que, inclusive, tem um buraco vazio deixando ele, de verdade, faminto, o meu instinto natural iria, com certeza, procurar resolver isso. Mas acho que, se eu fui clara nessa metáfora romantizada que escrevi, vocês já entenderam o que acontece.
        "E borboletas me dão azia."




quinta-feira, 22 de maio de 2014

sobre uma despedida

In the time to say goodbye I did it as quickly as I could. While hugging them, I dodged the people's heart. If I felt it beating as stronger than mine, maybe I wouldn't have been strong enough to keep myself standing up for don't break down right there. Fall down, like a wood doll, hollow, I kept myself there and I wrap them in my arms for just a few seconds. I wasn't able to say too many words, I hope that they know that I love them. I just couldn't speak, my tongue blocked, I gulped and shut my mouth. I hope they don't think that I was being cold. I, a Brazilian, known as a warm and intense person, looking at them staring at me, those eyes, I knew that I won't see them anymore. Two kisses in the face, like as usual in France. Messing words in English, 180 degrees with the body, 10 steps in the opposing direction, I looked behind for see them one more time. I recorded that scene in my mind, the clothes they were dressing, the color of their eyes, the particular way how they walked away and the doubt about of what they were laughing at, why I wasn't listening and why, in this time, I was going alone to another side. I went home with them everyday since I met these beloved ones. Where am I going now?

They will be the ones that I will remember for my entire life. ♥

(PS: This is the first time that I write something in english, sorry if I made my mistakes, but I just want to say how much they are important to me)


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Passarinhos passarão e eu continuarei por aqui, sentada na janela, tentando enxergar algo que não seja fosco no horizonte

Cansada de falar de pessoas, vou lhes contar a história dos pássaros negros que vem à minha janela, todos os dias, no mesmo horário.
Eu com certeza faria isso. Desejo um dia poder. Porém, toda vez que pergunto por que não me levam de volta pra casa, eles se calam e voam para longe. Me deixando sem respostas, sem a história, e sozinha, mais uma vez.